quarta-feira, abril 25, 2007

Homens Sem SONO


Os maiores de 50 lembram-se de certeza. Os mais novos, não sei.
Chamaram-lhes na altura .os homens sem sono.; os capitães, tenentes, soldados e outros que tais, que eu cá de patentes e tropas não percebo nada, graças a Deus, e a guerra acabou para nós há trinta anos e a Cèlinha é rapariga se calhar nem ia se ainda houvesse.
Falava a gente então de tropas, e o Cocó, que nasceu muito depois do .25 de Abril da Abençoada Bombarda. (se não era assim era muito parecido que escrevia o Senhor jornalista Fernando Assis Pacheco), o Cocó ainda sabe menos de tropas e patentes que eu e não me pode ajudar neste capítulo.
Todos aqueles tropas: mais exército e marujos, que .araújos. parece que foram poucos . aquela tropa, dizia eu, que nos deu aquele dia e os outros que se seguiram, ficaram conhecidos como .os homens sem sono..

É por isso que eu estou aqui a esta hora: se bem estou lembrada . que a minha memória é bicho muito traiçoeiro . foi pelas três e tal que os primeiros militares começaram a sair dos quartéis.
A eles quero deixar no sítio mais público onde consigo chegar como povo anónimo que sou, a minha homenagem e o meu obrigada pelo privilégio que me deram, e a muitos Portugueses, de ver a Liberdade em pessoa.
Esta é a minha Primeira Página, a minha coluna de jornal, o meu tempo de antena no noticiário das oito. A minha audiência é de cento e tal visitantes por dia, eu sei. Mas como já disse, é o maior auditório onde chega a minha voz. Para mim, basta.

E como símbolo desses homens que nos deram este bem precioso que é a Liberdade, hoje também é dia de lembrar o Capitão Salgueiro Maia. Quando acabou de fazer a Revolução, e assim que viu que a Democracia já tinha quem a ajudasse a instalar, voltou para o quartel tão anónimo como era na véspera do 25 de Abril. Fez o que tinha a fazer e voltou ao que fazia antes, sem aproveitar nem um bocadinho a justa fama de herói (um dos heróis) do povo.
E, meus senhores, já (quase) não há disto. Porque foi um herói do povo, e voltou para o meio do povo com (desculpem-me o antiquado das palavras) modéstia e discrição.
Ele é o meu Símbolo de Abril.
E disse.